Chegamos na rodoviária de Amsterdam no comecinho da noite e logo entendemos por que é a cidade das bicicletas. Avistamos um estacionamento sem fim, com centenas delas organizadas uma do lado da outra. Da rodoviária fomos para nosso simpático hotel no centro, o que nos permitiu fazer todo o turismo a pé na cidade. Deixamos as malas e fomos respirar o alto astral daquela cidade incomum. A mistura de canais iluminados, raras avenidas e ruas estreitas, coloridas, movimentadas com turistas das mais diversas origens dão uma sensação de acolhimento, aconchego desde o primeiro momento. Imediatamente nos dirigimos para o tão famoso distrito da luz vermelha. Vimos umas trinta vitrines de mulheres: gordas, magras, feias, bonitas, seminuas, produzidas... de todo tipo, mas todas apresentadas como produtos nas vitrines. Particularmente não me senti bem com isso, mas a discussão a esse respeito demandaria um longo tempo e como não é esse o objetivo do post, deixemos para outro momento.
Também é bastante comum produtos de maconha expostos nas lojas da cidade por toda a parte: brownie, chocolate, chiclete, camisinha, chá e todos os adereços para se consumir a erva. Há cafés específicos onde o cigarro é vendido e consumido, mas o maior consumo mesmo é feito a céu aberto, pelas ruas da cidade, em todo lugar! Se na Alemanha eu lavava o cabelo todos os dias por causa do cigarro 'comum', em Amsterdam isso acontecia por causa do cheiro impregnado da maconha. E não, antes que vocês me perguntem se eu fumei maconha, a resposta é não. :D
Como meus sogros haviam feito uma propaganda gigante sobre como a cerveja era barata por lá, quase perdemos as solas do sapato atrás dessas pechinchas e não encontramos. Cerveja só pra acompanhar o jantar mesmo.
No dia seguinte fomos ao museu de Van Gogh. Maravilhoso! Espetacular! Fantástico! Passamos 4 horas dentro do museu e não nos demos conta disso. Não sentimos fome, cansaço nem mesmo sede de tão fascinados que ficamos com as obras e com a história do artista.
De lá, fomos direto para o Rijksmuseum. Grandioso, lindísssimo, organizado e não menos interessante do que o de Van Gogh, no entanto, chegamos a uma hora de finalizar o expediente e literalmente corremos para ver as obras mais famosas, com prioridade para Rembrandt.
Um lanche rápido no parque, com direito a risadas do meu inglês capenga (a la Joel Santana) para pedir guardanapos à atendente, e nos dirigimos ao Museu da Heineken. Como sou muito mais uma bebedora de cerveja que não sabe distinguir entre skol e schin do que necessariamente uma degustadora ou curiosa do processo de produção, fiquei sentada na lojinha, feito uma sem teto, carregando o celular e descansando um pouco enquanto Marcus fazia a visitação. Na saída, mais algumas fotos típicas de turistas de primeira viagem pelos canais de Amsterdam, um jantarzinho reforçado e hotel.
Velhooooooooo, no dia seguinte, fomos à casa de Anne Frank. Depois de quase duas horas na fila, com direito a chuva e tudo, entramos! PQP! É tenso, é punk! É surreal! Precisa ter estômago e uma cabeça boa. Ainda assim, o que foi visto lhe trará flashes perturbadores e o que ouvido ficará ecoando na sua cabeça por horas, dias, como uma tortura psicológica... Mas não há como ir a Amsterdam e não conhecer aquele lugar.
De lá, direto para o Madame Tussaud e pro parque de diversões, pra enganar um pouco a mente e o corpo da experiência anterior. Na medida do possível, nos divertimos bastante com as estátuas de cera, tiramos onda e muitas fotos.
Finalzinho de tarde, um passeio de barco. Um programa perfeito para casais: a vista da cidade pelos canais até mar aberto, o pôr do sol... Uma lindeza! Tão relaxante que Marcus cochilou :D
Terminado o passeio fomos fazer nossa última refeição. Achamos uma promoção de pizza família e um chopp de meio litro por cinco euros. "O PARAÍSO". Comi e bebi tanto que esqueci meu melhor casaco na cadeira do restaurante. Ô promoção que me saiu cara :P
Um detalhe bastante interessante sobre a cidade é que o tempo inteiro o pedestre precisa estar atento aos carros, ônibus, motos e, principalmente, às bicicletas. Há ciclovias em toda a cidade e as bicicletas passam em alta velocidade. Quase fui atropelada por uma e a quantidade de buzinadas que levamos não queiram nem saber.
Amsterdam com certeza vale a pena ser visitada! É uma cidade que reúne cultura, história, a beleza ímpar dos canais, a supremacia das bicicletas como meio de transporte, uma grande movimentação de turistas e a liberdade para alguns serviços polêmicos como o consumo de droga e a prostituição, o que não a faz necessariamente uma cidade sem lei. Como se diz na Bahia, 'o baculejo' que nós levamos na saída do aeroporto, meu amigo!... nem nas penitenciárias de segurança máxima do Brasil deve ser daquele jeito. Até as partes íntimas passaram por uma inspeção minuciosa.
Ao final dos três dias de turismo, a frase de Marcus resume bem nossa experiência: "moraria fácil em Amsterdam".
Uma fria Alemanha
Galera, nesse post e no de Paris vou relatar as coisas mais
improváveis dessa viagem. Vocês acreditam que Marcus foi assaltado na Alemanha?
Pois é, saiu de Campina Grande para ser roubado em Bremen. Mais adiante
contarei os detalhes desse episódio.
A Alemanha é fria, nos dois sentidos: o clima e o seu povo.
O fato de sairmos da Itália direto para a Alemanha acentuou ainda mais essa
diferença. Já entramos no país um pouco
apreensivos por não saber falar absolutamente nada de alemão e por saber que Bremen não é propriamente uma
cidade turística. Não há a opção de alemão e inglês, por exemplo. Tudo estava
escrito no idioma local. Minha angústia era tamanha que tudo eu interpretava
como um indício de que algo daria errado. No voo de chegada já achei estranho
porque vi uma cordilheira com neve, sol de um lado do avião e escuro total da
noite do outro. Nunca tinha visto neve na vida muito menos noite
e dia ao mesmo tempo, pensei logo “vou morrer, é um sinal” kkkkkkk Brincadeira,
gente, não sou tão negativa assim, foi só pra dar um draminha ao texto.
Chegamos no aeroporto de Hamburgo às 19:20h. com um tempo
apertadíssimo para pegar o metrô, chegar na estação e pegar o ônibus pra Bremen
às 20:30h. Ou seja, tínhamos uma hora e dez minutos fazer todo esse
percurso e é claro que deu errado. O aeroporto é gigantesco, milhares de voos
sendo operados... nossas malas só chegaram na esteira às 20:05h. Nosso maior receio era justamente saber se dormiríamos na estação de ônibus, se seríamos presos por dormir lá, etc. Pela demora das malas, já desistimos da
passagem de ônibus que havíamos comprado, ainda no Brasil, e compramos uma
nova, de trem, direto para Bremen. Mas eu não posso deixar de comentar as
nossas caras quando chegamos no guichê eletrônico para comprar os novos
tickets. Deu vontade de rir, mas um riso de aflição: não conseguíamos atribuir
significado a nenhuma palavra escrita ali. Não sabíamos o que era ticket, nem
para qual estação compraríamos, muito menos se estávamos comprando dois ou dez
tickets. A sorte foi que um filho-de-Deus viu nossa agonia e se ofereceu para
ajudar. Já na entrada do metrô outro episódio engraçado: Marcus explicou em
inglês a nossa pretensão e perguntou ao fiscal em qual estação deveríamos
descer. O fiscal respondeu, mas quando entramos no metrô e olhamos os nomes das
estações nada batia com o que ele havia pronunciado. Marcus voltou ao fiscal e
pediu que ele entrasse no vagão e apontasse no mapa o nome da estação. O fiscal
entrou no trem, repetiu o nome, apontou e riu, achando graça dos analfabetos.
Depois de alguns percalços chegamos à estação de Bremen. Logo
em seguida, avistamos Rodrigo entrar pela porta principal. Nunca ficamos tão
felizes em ver Rodrigo. Era nosso escudo e nossa espada! De lá, direto para o
hotel. Já na entrada sentimos o peso de não compreender o alemão. Não havia
recepcionista. Quando apertamos na campainha, alguém de uma central atendeu e
perguntou em alemão qual era o nome do hóspede, o número da reserva e em qual
endereço nos encontrávamos. Ninja serviu de tradutora e passou todas as
informações. Depois, essa mesma pessoa, de lá mesmo da central, destravou a
porta, disse o número do quarto e informou que a chave estava pendurada num
porta-chaves na entrada. Se não fosse pela presença de uma tradutora,
estaríamos ao relento, na rua. Deixamos as malas e fomos perambular pelas ruas
geladas da Alemanha. “Forramos o bucho” e entramos num pub para beber uma
cerveja. Conhecemos um mineiro muito pirado e encontramos um lugar para sentar.
Resultado: chegamos em casa às 4 da manhã.
No dia seguinte, o termômetro marcava seis graus em pleno
meio-dia e nós inventamos de andar pelas redondezas antes de Rodrigo chegar
para o jogo do Bayer. Rapaz, sabe aquela fumacinha que sai da boca de tanto
frio quando a gente fala? Pois era exatamente assim que estava nesse dia. Pense
num passeio sem futuro! Como não havíamos tomado café e já era meio-dia, estávamos
com fome, olhamos vários cardápios dos restaurantes, mas não entendíamos
absolutamente nada! Não sabíamos se o que estava escrito se tratava de carne,
pasta, peixe, enfim... O jeito foi tirar fotos com o celular, enviar por
Whatsapp para Rodrigo e esperar a tradução. Depois de muita luta, conseguimos
comer alguma coisa, voltei para o hotel, me enrolei em 25 cobertas e os
‘homens’ foram ver o jogo do Bayer.
À noite, fomos jantar num restaurante medieval em que as
carnes eram servidas numa espada. Um lugar incrível e um jantar delicioso. Saindo
de lá, fomos à festa da cidade, algo parecido com uma quermesse e foi
justamente a uns 50 metros de chegar na festa que Marcus foi assaltado. Do
nada, um rapaz – provavelmente imigrante pelas suas feições – começou a
empurrar Marcus, como se estivesse dançando, e a dizer em voz alta frases
incompreensíveis. Em alguns milésimos de segundo ele havia retirado o celular
do bolso e dado ao seu comparsa. A noiva de Rodrigo, ao ver a cena,
imediatamente comentou: “Eu acho que ele te roubou”. Quando Marcus colocou as
mãos sobre os bolsos confirmou o que ela suspeitava. O ladrão havia levado o
celular. Ficamos atônitos! Como assim, ser roubado em plena Alemanha? Marcus
lamentou muito mais pela perda de comunicação com todos pelo resto da viagem e pelo aplicativo que estava nos ajudando muito do que necessariamente pelo prejuízo
material. O celular dele já tinha mais de três anos de uso e ainda por cima é
de uma marca da china, praticamente desconhecida no Brasil. Lamentou e queria deixar
por isso mesmo, mas Ninja não aceitou. Discou para a polícia e começou a
relatar o fato ainda no local. E não é que o safado do ladrão voltou e devolveu
o celular em mãos?! Ele percebeu que estávamos ligando para a polícia e que
seria bem pior para ele já que provavelmente vivia de forma ilegal no país. E cá pra
nós, deve ter olhado a marca o celular, o display trincado, o bichinho todo
arranhado e deve ter pensado: ‘Eu quero lá essa merda?! Vou devolver que é mais
vantagem para mim.’ Dirigiu-se a nós e disse algo do tipo: ‘Olha aqui, acho que
esse celular é seu.’, na maior cara de pau!
Ainda sem digerir aquilo tudo, seguimos para a festa da
cidade e relaxamos um pouco. Uma cerveja aqui, outra ali, um vinho quente, até
o momento em que um cara se aproximou da noiva de Rodrigo e deu em cima dela.
Genteeeeeee!!! Rodrigo, na maior tranquilidade, apenas explicou que ela estava
acompanhada por ele, o noivo. Depois dessa, pensei alto ‘é melhor irmos pra
casa dormir’... caímos na gargalhada, aliviando a tensão.
Mas eu não me dei por satisfeita e disse que queria andar de
montanha russa, de dois loops. Embora receosos de passar mal por termos comido
muito no restaurante medieval, fomos os quatro. Na fila, estava ventando muito
e o frio já começou a tirar minha coragem. Mesmo assim, insisti. Quando entrei
no carrinho e coloquei a trava não me senti segura: “Esse negócio
não vai me segurar quando eu ficar totalmente de cabeça pra baixo”, mas eu
havia inventado aquilo e não podia amarelar, mas minha gente, quando o carrinho
começou a subir até o ponto mais alto eu só pensava: ‘que merda foi essa que eu
inventei?’, ‘Moço, dê ré que eu quero
descer’, ‘Ei, era na brinca, e não na vera’... Como não havia mais tempo para
nada, agarrei na trava como se fosse morrer e fechei os olhos, desesperada.
Terminados os dois loops achei que poderia relaxar, mas o carrinho ganhou
ainda mais velocidade, fez uma curva fechada pra direita, outra pra esquerda,
foi não sei aonde, até que, enfim, parou. Eu saí com o sorriso amarelo, mas com
toda a pinta de que tinha a-do-ra-do aquilo. Olhe, vou te contar, eu não tenho
um pingo de juízo!
No último dia, andamos pela cidade, comemos as típicas linguiças
alemãs numa barraquinha de rua, conhecemos o centro histórico e cultural, suas
ruas estreitas e as casinhas bonitinhas com a arquitetura alemã bem
característica. Conhecemos ainda a escultura “Os músicos de Bremen”, de um conto
dos irmãos Grimm, e mais tarde, para fechar, um autêntico almoço alemão .
Rever Rodrigo foi o único motivo de incluirmos a Alemanha em
nosso roteiro de viagem e como valeu a pena estar com ele e com Ninja! As
circunstâncias, o desconhecimento total da língua e o frio nos deixaram um
pouco desconfortáveis, mas nada que impeça de retornarmos ao país em uma outra ocasião.
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