A vulnerabilidade das mulheres

Em salão de beleza sai de tudo, né?
No último sábado, as donas do salão que eu frequento estavam comentando sobre um assalto que elas sofreram na semana anterior. Corajosa do jeito que sou perguntei logo se o assalto tinha sido num dia de sábado :D
E a conversa rendeu...contaram os detalhes da abordagem, os pertences levados, o número de assaltantes, a posição exata de cada um e a recuperação de um relógio dias depois. E eu entrei na onda, contei da recuperação de um celular há alguns anos.
No começo da ‘paquera’ com Marcus, estava eu em pleno Parque Povo, no Maior São João do Mundo, bem abestalhada, hipnotizada pelo meu lindo paquera que nem senti quando alguém abriu minha bolsa e levou meu celular. Sendo eu estudante lisa(estudante lisa é redundância, né?), quando me dei conta do furto, fiquei arrasada. E o pior, ligava para o meu celular e uma mulher atrevida atendia confortavelmente. Achava um desaforo imenso e passei muitas noites matutando como iria recuperá-lo. Até que um dia, a ideia chegou: como se tratava de uma mulher, mexeria com seus sentimentos, deixaria vulnerável...foi aí que bolei a seguinte estratégia: iria até um estúdio de tele-mensagem, escolheria uma mensagem e diria que além da mensagem haveria um buquê de rosas para ela...dessa forma, chegaria até a dita cuja. Instruí ao funcionário que a princípio não fizesse nenhuma pergunta pessoal, que ganhasse sua confiança para só então começar a investigação.    
A mensagem teria que ser tipo neutra, pois eu não sabia se a mulher era casada, solteira, se tinha mãe, filho etc. Se eu colocasse uma mensagem de amor homem para mulher, por exemplo, e ela não tivesse um pretendente, ela poderia perceber que era um trote. E assim fizemos: o funcionário do tele-mensagem comprou a minha briga, até porque eu estava com a nota fiscal do celular em mãos. Dito e feito: a mulher se emocionou, deu nome, telefone, endereço, ponto de referência, nome do gato, cachorro, periquito [me impolguei...do nome do gato pra cá, é mentira! rsrs]. 
Passei pela Praça da Bandeira, expliquei o caso aos policiais e pedi reforço para ir buscar o celular. Pra não perder a piada, entrei na viatura alegando às pessoas que assistiam àquela movimentação que eu era inocente, que não tinha feito nada. hehe
Já a caminho, na viatura, coloquei meus óculos escuros na vã inocência de que eles me deixariam irreconhecível depois, e comentei em voz alta: - Vou colocar meu disfarce. O policial que dirigia olhou pelo retrovisor e sorriu, quando percebeu que eu me referia aos óculos.
Chegamos na rua e comecei a pesar as possíveis consequências daquela minha saga. E se a mulher fosse casada com um criminoso e ele saísse da casa atirando? E se ela conseguisse me alcançar e me fizesse refém em sua própria casa? Enfim, já tinha chegado ali e não desistiria. Avisei aos policiais que faria a abordagem sozinha e que eles viessem me acudir caso ouvissem barulho de tiros: - Vocês venham logo em seguida, não corro mais do que bala! rsrs
Bati no portão, confirmei seu nome, o número do MEU celular e expliquei a situação...antes que ela pudesse esboçar qualquer reação, os policiais apareceram para intimidá-la e, sem opção, a moça entregou o celular, alegando que tinha sido presente do seu namorado. Por fim, eles perguntaram se eu gostaria de registrar queixa e eu achei por bem poupar a coitada(?) de mais um constrangimento.
Voltei “de carona” com os policiais para a Praça da Bandeira com meu celular em mãos. Uma semana depois, cortei o cabelo bem curtinho para garantir que não seria reconhecida pela romântica incorrigível.