Palavras de ordem: dedicação e perseverança!

Minha agonia chegou ao fim!
Hoje saiu o resultado oficial: aprovada para o doutorado em Linguística Aplicada da Universidade Federal da Paraíba. Depois de quase três meses de ansiedade, agora é só agradecer e comemorar!!
Desde finalzinho de setembro, quando lançaram o edital no site, eu já comecei minha jornada em busca dos livros definidos para a prova escrita. Dos sete livros que a professora listou para a prova, eu só tinha 1. A primeira pessoa a quem pedi socorro foi minha orientadora do mestrado que eu AMO de paixão: Maria Augusta. Quando ela respondeu que não tinha um livro sequer daquela lista, fiquei preocupada. Augusta tinha um acervo gigante em Linguística Aplicada e ela não possuir nenhum dos livros era mal sinal...e eu não estava errada! Fui a João Pessoa exclusivamente para comprar os livros e só achei 1 dos 6. Apelei então para a compra pela internet...várias vezes efetuei a compra, o pagamento foi autorizado e dias depois a editora me mandava um e-mail informando que o livro estava esgotado. Parti pra biblioteca da UFCG, encontrei 2 da lista e ainda tinha que ir atrás de algum aluno com matrícula pra pegar emprestado pra mim. Foi aí que Tiaraju, meu ex-aluno do Cometa, me salvou; fez empréstimo, renovou os livros, tudo na maior boa vontade e é por isso que eu deixo meu agradecimento registrado aqui. Os demais comprei em sebo virtual e consegui emprestado de uma professora da UFPB. Pra pegar os livros na UFPB ainda incomodei meu tio Guga pra me fazer este favor, por isso deixo aqui o meu agradecimento também ;)
Resumindo: depois de muita luta, consegui todos os livros e li todos!! Estudei todos, fichei, fiz slides, dei aula de semântica pra Marcus Hahaha Coitado! Eu dormia com os livros, acordava com eles, almoçava, jantava...levei pra Araruna, pra praia, discuti questões de semântica em plena praia Bela, com meus queridos amigos (lembro que Arthur Ramalho tinha acabado de acordar e quando abriu a porta do quarto eu fiz a pergunta: se eu digo "Leca abraçou Mariazinha"...eu posso afirmar que 'Leca tocou Mariazinha com os braços'? uahuahaau), estudei no meu trabalho, nos minutos de folga, nas madrugadas de insônia, tive problemas nos olhos de tanto ler...mas, enfim, valeu a pena!
A primeira etapa do processo seletivo e minha primeira angústia foi a homologação da inscrição e análise de projeto. Passei! Em seguida, prova escrita em duas línguas estrangeiras. Passei. Logo após, prova escrita na área com três questões dissertativas: duas específicas e uma geral. Como tinha estudado bastante, estava tranquila para a prova. Fiz as três questões muito consciente, nove páginas completas manuscritas e a mão dormente, ao final das quatro horas. A prova foi num nível bom, mas a correção nesta seleção é FODA!! Até porque o nível é de doutorado, né?! Mesmo tendo gostado bastante, tirei 8,0. Passei, até com a nota maior que o meu concorrente, que tinha sido orientado por essa professora no mestrado. [Engraçado que toda vez que dizia estar concorrendo com o orientando da professora, as pessoas, inconscientemente, faziam a cara de "Acho difícil você passar"]. Depois veio a entrevista, com a arguição do projeto de doutorado. Passei! [Pausa no texto pra contar a minha cagada na entrevista: perguntaram por que eu não citei autores específicos que trabalham com 'gêneros textuais na sala de aula' no meu projeto e eu disse que só passei a conhecê-los depois que já tinha feito a inscrição. Aí pra me amostrar e sem muita segurança no que tava dizendo, falei: 'Só depois que tive acesso a fulano, beltrano, Nascimento...E o professor da banca: 'Nascimento sou eu'. E os demais reforçaram: 'Nascimento é ele'. Juro a vcs que eu tinha dito Nascimento por engano, na verdade eu queria dizer 'Gonçalves'. E eu pensei: Puta que pariu, se esse professor perguntar qual foi o texto dele que eu li, tô lascada!, mas, enfim, me salvei] Tirei 9,0 na entrevista, mas meu concorrente tirou 10,0 e ainda faltava a análise de currículo, a última etapa da seleção. Fiquei apreensiva! Ele tinha um bom currículo e a professora só estava oferecendo uma única vaga. Como fomos bem em todas as etapas, passamos os dois!! Fiquei muito feliz, primeiro porque tinha passado e segundo porque ele também. O José, agora meu colega de doutorado, é um cara do bem e merece, assim como eu!
Mas essa minha vitória começou a ser desenhada há muito tempo. Em 2008, quando trabalhava na UNEB de Irecê, fiz a seleção como aluna especial na UFBA e fui aprovada. Viajava na madrugada da quarta para quinta-feira, assistia aula a tarde inteira, saía da UFBA direto para a rodoviária, jantava por lá mesmo e pegava o ônibus de volta pra João Dourado, chegava às cinco da manhã e às sete já estava na sala de aula. Gastava boa parte do meu salário da UNEB nessas viagens, que, somando ida e volta, chegava a quase mil quilômetros de chão, e por umas quatro ou cinco semanas eu dei viagem perdida: chegava na UFBA pra assistir aula, a professora não aparecia e o programa era incapaz de colocar um aviso no site de que não haveria aula da professora naquela semana. Chorei de raiva, tive muita dor de barriga comendo na rodoviária e no Iguatemi, gastei muito dinheiro com a viagens, me cansei muito, mas muito mesmo, e, enfim, concluí a disciplina!
Já de volta à Paraíba, no ano passado, tentei a seleção também na UFPB, porém a minha inscrição foi feita para uma professora que não era da minha área específica e confesso: não tinha me dedicado o bastante. Não passei nem na prova escrita. Logo em seguida, veio o concurso pra professor efetivo da UEPB, também não passei. Foi quando eu comecei a questionar a minha competência intelectual. Fiquei abalada por um tempo, mas sabia que só eu mesma poderia reverter essa situação. Fiz inscrição pra aluna especial no início desse ano e fui aprovada. Voltei a participar de congresso e a publicar [Recentemente recebi o aceite para publicação de um artigo numa revista Qualis A da Capes...quase morro de alegria!!] Conciliava, não sei como, 40 horas de trabalho em Araruna e a disciplina em João Pessoa, no meu dia de folga.

Em setembro, recomecei a batalha. Arrisquei na UFRN [Agradecer aqui a Lucas Loula, que mal acordou teve que ir colocar minha documentação nos Correios. Obrigada, meu amigo! ;)], meu projeto não foi aceito...

Mas eu acredito que 'o que tem que ser tem força'. E tinha que ser a UFPB, bem ali pertinho, com um monte de gente de portas abertas e sorriso no rosto pra me receber. Essa vitória é especial, é diferente. As outras eu conquistei sem desejar tanto, sem dimensionar sua importância. A aprovação do mestrado, por exemplo, saiu logo após a morte de César e eu, sinceramente, não tinha NADA pra comemorar naquele momento.
A aprovação no doutorado vem num momento diferente, foi conquistada no braço, sem apadrinhamento de seu ninguém, concorrendo com 'o candidato mais provável', numa instituição que não me conhece, com o mérito exclusivamente meu!
Agradeço a Deus por essa vitória! À minha família e aos amigos pelas orações. À Marcus e toda sua família pela torcida sincera. Aos meus colegas de trabalho por me aguentar falando dessa seleção 24 horas por dia hahaha
A luta foi grande, mas este é a apenas o ponto de partida de um longo caminho a ser trilhado.